Quando você aquela cena linda de uma mãe amamentando seu bebê em uma bela poltrona, com um sorriso estampado no rosto, transmitindo a maior tranquilidado do mundo, a impressão é de que o aleitamento é algo simples e totalmente natural; um talento que já nasce com as mulheres. O que quase ninguém conta é que não: nem sempre funciona assim. As dificuldades, principalmente no início da vida do bebê, não são poucas e, por isso, boa parte das mães acaba desistindo de amamentar. Munir-se de informação e pedir ajuda quando necessário são atitudes fundamentais para conseguir encarar essa missão com serenidade. Reunimos aqui as dificuldades mais comuns das mães e conversamos com especialistas para ajudar a solucioná-las.
Dor
Amamentar pode doer, sim. E por vários motivos. Pode ser o bico rachado, os seios muito cheios, ingurgitados, situação que pode até evoluir para uma mastite e causar febre alta na mãe. A pega errada (quando o bebê não abocanha a auréola por completo, mas apenas o bico do seio) é outra causa de sofrimento. Tem bebê que chega a morder o bico do seio e, acredite: mesmo que eles não tenham dentes ainda, a pressão da gengiva machuca. Os desconfortos intensos ocorrem principalmente durante as primeiras semanas de amamentação, quando o seio ainda está se adaptando para os longos meses que virão pela frente. É uma fase de adaptação, mas pode atrapalhar (e muito!) a amamentação do bebê. Vanessa Gabriel, mãe de Mariana, 6 anos, e Catarina, 3, conta que foi uma ilusão pensar em ter prazer ao amamentar. “Minha filha ficava com a boca muito fechada, agarrando apenas o bico e deixou meu mamilo como uma ‘couve-flor’. Sangrou por quatro meses”, conta. “Foi a minha persistência em saber o quão importante era a amamentação que me fez conseguir vencer”. Para ela, falta informação e preparo sobre o assunto ainda no pré-natal.
Mas e quando os seios estão rachados e doloridos, o que fazer? A principal atitude quando as mamas ficam feridas é avaliar o motivo que levou isso a acontecer e ajustar a pega o mais rápido possível. Pomadas são contraindicadas de maneira geral pois seu uso pode levar a obstruções de ductos e sensibilidade maior na região do complexo mamilo areolar. Atualmente utilizamos o laser de baixa potência para otimizar o processo cicatricial. É uma ferramenta nova, mas promissora, e com evidências científicas que apontam seu benefícios.
Mamas muito cheias, ingurgitadas, também causam dor e prejudicam a pega do bebê, podendo levar ao aparecimento das fissuras. É importante que a mãe esteja atenta no momento das mamadas. Caso as mamas estejam muito cheias, ela deverá realizar o que chamamos de ordenha de alívio. A mãe massageia as mamas e retirar um pouco do leite, de maneira que elas continuem cheias, mas mais macias. Isso permitirá que a pega aconteça de maneira correta, com consequente eficiência na mamada, sem dor e com esvaziamento adequado dos seios.
Pouco leite
Muitas mulheres ouvem que devem ter pouco leite ou que o leite é fraco, quando o bebê não para de chorar. Foi o caso da leitora Ione Farias, mãe de Samuel, 1 ano e 8 meses, e de Cecília, que ainda está na barriga. Fiquei muito abalada e procurei todas as soluções possíveis. Acho que me preparei muito para o parto e pouco para a amamentação.
isso pode acontecer no caso de mulheres que tenham passado por cirurgias mamárias, como as redutoras ou mastopexias (método cirúrgico que permite que a flacidez dos seios seja corrigida de forma a ficarem rígidos e elevados de novo). No entanto, não existe leite fraco ou pouca produção por parte da mãe. O que pode acontecer é um desequilíbrio causado quando o bebê não suga adequadamente. O ducto mamário vazio é o sinal para o corpo produzir mais e isso não é uma questão de deixar o bebê horas no peito. É preciso ensinar o bebê a mamar do jeito certo com algumas manobras, como, apoiar o queixo dele durante a mamada para fortalecer a musculatura e abocanhar totalmente a auréola, em vez de pegar apenas o bico.
Bico invertido
Ter o bico do seio voltado para dentro e não para fora pode dificultar a pega do bebê. Nesses casos, o bebê não consegue sugar e puxa o seio com mais voracidade. A mãe, então, precisa de ajuda para conseguir “formar” o bico do seio e, muitas vezes, recorre ao auxílio dos bicos de silicone ou às conchas, o que pode atrapalhar ainda mais o processo. Isabela Gobbi, mãe de Laura, 2 anos, conta que tinha um dos bicos invertidos e que isso prejudicou o processo de amamentação. “Fiquei praticamente 40 dias sofrendo muito, mas não desisti. Fui fazendo tudo que aprendi no curso de amamentação”, conta.
Falta de apoio e críticas
Amamentação e parto são temas que facilmente causam discussões entre quem tem opiniões divergentes. Muitas vezes, as conversas viram verdadeiras brigas e, nesse caso, a melhor solução é se informar. Ler livros específicos e buscar fazer cursos são boas alternativas. Pense realmente em contratar a visita de uma consultora em aleitamento. Alguns convênios médicos até oferecem o serviço às suas seguradas. Também é possível pedir ajuda nos postos de saúde ou em bancos de leite.
Falta de informação e preparo
Ao longo dos nove meses da gestação, alguns pais e mães até se matriculam em cursos sobre o tema. Nesse período, eles aprendem sobre os cuidados básicos com o bebê e se preparam para que a chegada em casa seja menos assustadora.
Fonte:revistacrescer.globo.com