A corrida pela vacina de febre amarela nos postos de saúde e clínicas particulares atropelou discussões importantes sobre grupos que merecem atenção especial antes de recorrer à imunização. E as gestantes estão entre eles.
Ao contrário, por exemplo, de pessoas alérgicas ao ovo – que não devem tomar a injeção e ponto final –, as grávidas podem, sim, beneficiar-se, principalmente durante os surtos. O importante é pesar as vantagens e as desvantagens.
“As gestantes, assim como os idosos, possuem um risco ligeiramente maior de apresentar efeitos colaterais graves da vacina”, explica a infectologista Rosana Richtmann, do Centro de Imunização do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo.
Ora, o imunizante contra a febre amarela é feito a partir de vírus vivos, que foram atenuados. Como estão bem fraquinhos, eles dificilmente conseguem vencer o sistema imune da pessoa, que então produz anticorpos capazes de debelar mesmo o vírus normal da doença.
A questão é: em situações muito raras, até o inimigo atenuado dribla nossas defesas naturais e causa estragos típicos da enfermidade. E, infelizmente, isso parece ser um pouco mais comum nas gestantes.
“Por outro lado, um estudo com mais de 1 300 voluntárias que tomaram a vacina da febre amarela antes de saber que estavam grávidas não reportou nenhum caso de problema grave”, pondera Rosana. “E melhor: as mulheres criaram anticorpos contra a doença”, conclui.
Vale ressaltar ainda que, durante os nove meses, a infecção pode provocar danos adicionais. Há, por exemplo, uma maior possibilidade de aborto, assim como um pequeno risco de passar a enfermidade para o bebê na fase final da gestação ou nos primeiros dias de vida.
O único jeito de uma gestante pegar febre amarela é ser picada por um mosquito infectado. Ou seja, repelentes, roupas de manga comprida, mosquiteiros e outros métodos de barreira são ótimas estratégias para a futura mamãe se precaver, especialmente em regiões perto da mata.