Assunto comum nas conversas entre as mulheres, o mal-estar que a cólica proporciona bem como soluções que amenizem esses sintomas são sempre pontos que são debatidos normalmente. Chás, compressas, medicamentos e dicas da vovó para lidar com essa dor. Mas, a cólica em si, apesar de ser comum, é algo normal?
Para o Dr. Marcos Tcherniakovsky, ginecologista e obstetra e especialista em Vídeo-Endoscopia Ginecológica da clínica EndoGenics, a cólica é algo que sempre deve ser investigado. “Geralmente os casos de endometriose são acompanhados de cólicas frequentes, com características incapacitantes (deixando de realizar suas atividades diárias). Além disso, é comum a demora no diagnóstico, que por vezes chega entre 8 a 10 anos, já que boa parte das mulheres – e muitos médicos – avaliam a cólica como algo habitual e comum”, explica Tcherniakovsky.
O especialista diz também que muitas das mulheres que possuem endometriose só chegam ao diagnóstico quando tentam engravidar e por não conseguirem, procuram um especialista. “A infertilidade pode ocorrer em mulheres que possuem endometriose”, diz Dr. Marcos. Quanto ao diagnóstico, é importante ter atenção às cólicas, pedir exames de imagens como o ultrassom com preparo intestinal e/ou a ressonância magnética e de sangue. “A certeza do diagnóstico só é confirmada com a videolaparoscopia, um procedimento que permite observar os focos da endometriose de forma direta e precisa e que permite ao mesmo tempo a retirada destes focos e, consequentemente, o tratamento”, ressalta o especialista. O organismo nos dá sinais de que algo não vai bem. Por isso, seguem alguns pontos que merecem atenção em relação a quadros com endometriose:
1) Cólica frequente e intensa (mesmo fora do ciclo);
2) Vômitos e náuseas que acompanham o ciclo menstrual;
3) Inchaço abdominal;
4) Dor durante e após o sexo;
5) Dor para urinar e evacuar;
6) Intestino preso ou solto demais;
7) Menstruação irregular;
8) Dificuldade para engravidar.
“A endometriose acontece quando o endométrio, tecido que reveste o útero, cresce para fora do órgão. Os fragmentos vão parar no ovário, nas trompas e até em regiões vizinhas. Por isso, o sangramento pode ocorrer em outros locais, junto com o ciclo menstrual. O tecido excedente é estimulado a crescer e, na hora da menstruação, descama junto com o endométrio original”, explica o Dr. Thomas Moscovitz, ginecologista, obstetra e especialista em Videoendoscopia pela Clínica EndoGenics.
O Dr. Thomas também reforça que a doença pode ser prevenida. Alguns hábitos podem diminuir as chances do aparecimento da endometriose, como evitar situações de estresse, aumentar o consumo de alimentos ricos em ômega-3, entre outros. “É preciso ter um cuidado e carinho com o organismo, com os sinais que ele dá. Não é porque todos acham que ter cólica é comum, que seja algo normal. Por isso, as mulheres devem sempre consultar um médico, perguntar e entender, sem trazer comparativos do que outras amigas e conhecidas viveram. Cada pessoa é única, cada organismo também”, conclui.